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O projeto tem como objeto de pesquisa o corpo como ferramenta potencializadora de si mesmo e seus desdobramentos com a moda e a tecnologia. A pesquisa parte de uma vontade de empoderar o corpo, explorar a individualidade e criar um questionamento sobre o sentido do que é corpo e sua beleza. É, ainda, uma experiência que aflora nossos sentidos e explora a audição, a visualidade e o corpo em geral.

Na filosofia, por exemplo, Descartes e Platão desvalorizava a noção de corpo e via a mente como a mais importante. Além disso, via como uma dualidade, mente e corpo. Nietzche foi um dos primeiros filósofos que compreende o corpo como totalidade, como algo descolado da mente e originário.

O corpo faz nos sentirmos muito potentes, nos relacionamos através do corpo, nos comunicamos, escutamos, nos locomovemos. Vivemos muitas possibilidades através do corpo, ele nos permite estar no mundo. Ao mesmo tempo, o corpo se declara com nossas limitações. Se deparamos com nossas necessidades: comer, dormir, se aquecer.

O corpo também é mídia viva: antes de toda comunicação existe o corpo, e e por onde nos expressamos, os gestos, os sentidos e a interação entre duas pessoas é a primeira forma de se comunicar.

Será uma experiência interativa feita pelo Kinect, um sensor de movimento, que vai capturar os movimentos do corpo e criar interferências nele e no espaço; ativando sons, imagens e filtros de imagem. Através dessa experiência será possível refletir o que é nosso corpo e como ele é importante para todas nossas atividades. O criador da experiência é a movimentação. A experiência visa também gerar uma contemplação desses movimentos e da noção de mutável.

É criar algo interativo e que explore a individualidade e o corpo. É trabalhar em um maior número de modificações corporais e no espaço possíveis. É ampliar essa noção de que o corpo altera o ambiente e o ambiente altera o corpo. É, também, promover uma reflexão acerca dos nossos movimentos que são inconstantes e quase imparáveis ultimamente.

O projeto poderá ser uma enxurrada de sentidos visuais, auditivos e corpóreos. Podendo promover uma contemplação do que é nosso corpo, nossos movimentos e até uma reflexão acerca do que é corpo; o que é o corpo “certo”, palpável, legível ou o que não é.

Quem interage com meu experimento poderá chegar a conclusões que nosso corpo é muito mutável assim como os que nos circunda, o espaço, as relações, os processos etc. Além disso, poderá ser uma experiência sensorial que explora nossa individualidade e processos de criação de maneiras distintas do comum.

Um exemplo disso é a consciência corporal existente ao criar formas ou ativar comandos do Kinect nessa experiência que proponho, ou a localização no espaço virtual em 3D que pode ser caótica e diferente do comum.

“O corpo humano vive sua infinita capacidade de modificar-se e interpretar-se na simplicidade do viver diário, porém, uma simplicidade não simplória, que guarda em si as múltiplas e complexas relações com seu entorno.” (PORPINO, 2018, p. 42)